Ricardo Ralisch 04/09/2024
O Plantio Direto (PD) iniciou na América do Sul com a introdução da técnica do “No-Till” (sem preparo) usada nos EUA desde 1962. A proposta é plantar uma nova safra sem fazer o preparo do solo, diretamente sobre os restos da cultura anterior.
Havia algumas iniciativas em diferentes locais, mas foi a introdução em larga escala (180 ha) por Herbert Bartz em Rolândia, PR., em 1972, com a Allis Chalmers, que é o marco inicial. Todos os pioneiros das diferentes regiões do Brasil, buscaram esta alternativa para controlar a erosão do solo, que crescia assustadoramente naquela ocasião. Portanto, desde sua origem no Brasil e na América do Sul o PD que evoluiu para o SPD já teve uma conotação ambiental. Mauá da Serra foi a segunda região da América do Sul a adotar o PD, em 1974.
Esta é a primeira geração do PD e define o primeiro dos seus três pilares: não revolver ou preparar o solo.
Em meados da década de 1980 algumas instituições de pesquisas e Universidades passaram a estudar ao PD e na década de 1990 se constatou a importância de manter o solo sempre coberto para protegê-lo da ação do clima, para protegê-lo ainda mais da erosão. Os trabalhos realizados nos Campos Gerais, com Franke Djikstra e Manoel Henrique Pereira (Nonô), que iniciaram com o PD em 1975, foram fundamentais para isto e se consolidou a proposta de se incluir as culturas de cobertura e de adubos verdes, para aumentar a cobertura morta, ou palha, sobre o solo. Paralelamente se adaptou o conceito do PD para a agricultura familiar.
Surge a segunda geração do PD, o PDP, Plantio Direto na Palha e define seu segundo pilar: manter o solo permanentemente coberto, com cobertura morta, ou palha.
Nos anos 2000 os estudos e a pesquisa agronômica no Brasil se aprofundaram com a evolução e a expansão do PD. Constataram a importância de se realizar a rotação de culturas para aumentar a diversidade de plantas no sistema de produção e assim recuperar e preservar a biodiversidade do solo e, com isto, favorecer as produtividades e a preservação dos recursos naturais. Ampliaram as propostas de se fazer cobertura viva, inclusive como solução para climas mais difíceis como no Cerrado. Surgiram as propostas de coquetéis de culturas de coberturas, que evoluíram para os mix de culturas disponíveis no mercado atualmente.
Eis a terceira geração do PD e se consolida o conceito do Sistema Plantio Direto (SPD) e o terceiro pilar: a rotação de culturas. É esta prática que consegue recuperar e preservar a fertilidade do solo.
SPD é uma tecnologia genuinamente brasileira, construída pela interação positiva entre agricultores, empresas e a academia, criando a melhor Ciência Agronômica do mundo e alterando cenário da agricultura brasileira e sul-americana, realizando a maior revolução agrícola.
Muitos organismos internacionais buscam obter repercussão lançando novos nomes para uma agricultura moderna, como: Agricultura Conservacionista, sistema integrados de produção, Agricultura Regenerativa, Agricultura Biológica entre outros, mas todos se baseiam nos princípios do SPD concebido no Brasil.
Este processo foi árduo e trabalhoso, exigindo muito empenho de muita gente, e parte disto está muito bem representado neste Museu.